Leituras de 2006

(182) CORRENDO ÀS CEGAS – Lee Child (31/01/06)

Eis um livro da coleção Seleções, um trailler policial/psicológico de poucas páginas, mas que vale a pena pela técnica usada pelo assassino. Ele conseguia matar suas vítimas sem deixar qualquer tipo de rastro no local do crime, em alguns as portas estavam trancadas por dentro e havia escolta policial fora da casa. Querem saber como ele fazia? Leiam o livro! Garanto que é muito original.

(183) Caminhos Perdidos – Anne Tyler (02/02/06)

(184) PONTO DE IMPACTO – Dan Brown (08/02/06)

Embora Dan Brown seja muito criticado por muitos colegas, eu adoro as histórias dele. Nesse livro ele trata de dois assuntos irresistíveis para mim: Biologia e vida extraterrestre. Como não se sentir influenciado pelo biólogo Tolland? E como não ser arrastado pelo suspense crescente que Dan Brown sabe tão bem criar?

(185) FORTALEZA DIGITAL – Dan Brown (11/02/06)

Histórias tecnológicas não são muito minha praia, mas o ritmo do livro prende a atenção. Para mim, os capítulos que transcorrem na Espanha são os melhores.

(186) O SENHOR DAS MOSCAS – Willian Golding (19/02/06)

Foi uma idéia relativamente bem difundida por grandes vultos da psicologia que as crianças estão mais sujeitas às oscilações instintivas, uma vez que sua mentalidade encontra-se num nível ainda não plenamente desenvolvido. É como se a consciência fosse ainda mais frágil nelas, de modo que o inconsciente encontrasse mais facilidade de expressão. Por exemplo, Freud dizia que o Complexo de Édipo vem de uma época pré-histórica onde os mais jovens do clã disputavam com os mais velhos a posse das mulheres. Jung também disse que “por uma criança ser fisicamente pequena e seus pensamentos consciente poucos e simples, não avaliamos as extensas complicações da sua mente infantil, fundamentadas na sua identidade original com a psique pré-histórica.” Ele cita as danças infantis realizadas de maneira tão espontânea por crianças de todo o mundo, traçando um paralelo com às danças cerimoniais antigas, ainda executadas por tribos isoladas.

Embora eu não esteja certo do grau de influencia, parece que William Golding bebeu dessa fonte ao escrever O Senhor das Moscas, um livro que passou e foi negado por 19 editores e depois se transformou na obra que é considerada como uma das mais importantes da literatura do século XX.

Nela, um avião despenca numa ilha e só sobrevivem crianças. Elas tentar se unir e formar uma espécie de sociedade até que a ajuda venha, mas seus instintos de sobrevivência acabam falando mais alto e levam os personagens a atos drásticos.

Não parece interessante?

(187) ANJOS E DEMÔNIOS – Dan Brown (04/03/06)

Pra quem é apaixonado por histórias envolvendo a Igreja, é uma excelente pedida. Obs.: O livro é bem melhor que o filme.

(188) Um Conto de Duas Cidades – Charles Dickens (12/03/06)

(189) O Observador – Chris Ryan (19/03/06)

(190) O Triângulo das Bermudas – Charles Berlitz (24/03/06)

(191) FELIZ ANO VELHO – Marcelo Rubens Paiva (28/03/06)

Marcelo Rubens passa uma melancolia que me lembra Scoott Fitzgerald, um dos meus autores favoritos. E, além disso a linguagem é simples e flui muito bem, embora a complexidade dos sentimentos expressados garantam a qualidade.

(192) Por Que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor? – Allan & Barbara Pease (02/04/06)

(193) RETRATO DO ARTISTA QUANDO JOVEM – James Joyce (16/05/06)

Todos sabem que James Joyce é um autor dificílimo, e devo admitir que fui passando pelas páginas desse livro sem compreender quase nada. Porém o livro ficou retido em minha mente por conta de uma passagem que, de tanto gostar, acabei decorando. Nessa passagem o personagem principal se encontra com uma prostituta, sentindo um misto de desejo e repugnância:

“Queria estar preso pelos braços dela e ser acariciado devagar, devagar, bem devagar. Em seus braços sentiu que tinha se tornado subitamente forte, destemido e seguro e si próprio. Mas os lábios não queriam baixar para beijar (…).

Fechou os olhos, apertando-se bem de encontro a ela, corpo e espírito, sem consciência de nada mais no mundo senão da sombria pressão dos lábios dela suavemente se entreabrindo.

Eles lhe comprimiam o cérebro como lhe comprimiam os lábios, como se esse fosse o veículo duma vaga linguagem. E entre seus lábios e os dela sentiu uma desconhecida pressão, mais sombria que o desmaio do pecado e mais suave do que som ou dor.”

(194) O SOL TAMBÉM SE LEVANTA – Ernest Hemingway (27/05/06)

Hemingway é sempre prazeroso de se ler, embora eu não tenha retido muito desse livro além de touradas e muita bebedeira em barzinhos da Espanha de início de século.

(195) OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER – J. W. Goethe (01/06/06)

Goethe foi um gênio em diversas áreas, inclusive a literária. Li este romance por curiosidade, depois de saber que ele causou uma onda de suicídios na Europa. Mas, vivemos numa época radicalmente diferente, é pouco provável que os lamentos do personagem principal pudessem surtir algum efeito grave nas emoções de alguém.

(196) O Parque dos Dinossauros (repeteco, ver livro 122, em 2003) – Michael Crichton (08/06/06)

(197) O DEMÔNIO E A SRTA. PRYM – Paulo Coelho (13/06/06)

Um dos livros mais interessantes de Paulo Coelho. Um pequeno trecho de diálogo me convenceu a lê-lo:

“Eu lhe mostrei uma barra de ouro, que lhe daria independência necessária para sair daqui, correr o mundo, fazer o que sempre sonham as moças em cidades pequenas e isoladas. Ela vai ficar ali; você sabe que ela é minha, mas poderá roubá-la se assim desejar. E estará infringindo um mandamento essencial: ‘não furtarás’. Quanto a estas dez outras barras, elas são suficientes para fazer com que todos os habitantes do vilarejo jamais precisem trabalhar o resto de suas vidas. Quero que, quando voltar à cidade, diga que as viu, e que estou disposto a entregá-las aos habitantes de Viscos, se eles fizerem aquilo que jamais sonharam fazer. Quero que infrinjam o mandamento ‘não matarás’.”

(198) DUBLINENSES – James Joyce (21/06/06)

Eis um livro de James Joyce mais acessível aos pobres mortais como eu. Reúne vários contos, tendo como pano de fundo a cidade de Dublin.

O conto Os Mortos provoca grande angústia, não recomendo para quem não gosta quando o assunto é a morte.

(199) SIDARTA – Hermann Hesse (29/06/06)

O livro conta a história de um jovem indiano, contemporâneo de Buda, à procura de iluminação. Achei extremamente interessante um parágrafo onde se faz uma análise do que seja a alma. Naquela época eu acreditava que mente, consciência e espírito fossem a mesma coisa, mas para meu espanto percebi um ponto de vista totalmente novo, segundo o qual os dois primeiros desses elementos pertencem ao mundo material e, portanto, não poderiam continuar existindo após a morte. No livro A Vida Vem da Vida, um líder espiritual indiano explica que a alma é algo já presente no corpo físico, mas que ocupa um espaço menor que um átomo. Em Sidarta, temos o seguinte pensamento:

“Onde morava Ele? Onde habitava Seu Eterno coração, onde, a não ser no próprio eu, naquele âmago indestrutível que cada um trazia em si? Mas em que lugar, em que lugar achava-se esse eu, esse âmago, esse último fim? Não era carne nem osso, nem pensamento nem consciência, segundo afirmavam os mais sábios.”

(200) O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS – Carl G. Jung (13/09/06)

Quando eu entrei para a faculdade de psicologia (fiz apenas o primeiro período, depois me bandeei para a biologia), já havia lido a biografia de Jung (ver livro 31, de 2001), mas há tanto tempo e tão jovem que nada havia ficado em minha memória além de alguns sonhos que me impressionaram. Mas foi de grande utilidade pois quando um colega, que rapidamente se transformou num grande amigo, me perguntou se eu conhecia o psicólogo suíço, afirmei que já havia lido sua autobiografia.  Esse meu então colega era o Sérgio, uma das pessoas mais inteligentes que já conheci. Fizemos amizade rápido e ele foi me ensinando sobre interpretação de sonhos, etc. Um dia ele me levou até a biblioteca e me obrigou a levar O Homem e Seus Símbolos. Admito que fiquei desanimado ao ver o tamanho do livro, mas quando cheguei em casa e comecei a ler, percebi que não havia meio de parar. Sem dúvida está entre os cinco grandes livros de minha vida. Pra quem se interessa por psicologia junguiana e não sabe por onde começar, essa é sua deixa.

(201) A Máquina do Tempo (repeteco, ver livro 16, de 2000) – H. G. Wells (29/09/06)

(202) HANNIBAL – Thomas Harris (19/10/06)

Se em O Silêncio dos Inocentes o psicopata Hannibal Lecter marcou história, nessa continuação vemos o personagem em toda sua exuberância, distribuindo “charme e cultura” na Europa De vez em quando eu pego o livro e leio algumas passagens; gostei tanto que Florença se tornou o lugar na Terra que eu mais quero conhecer.

(203) O Caçador de Pipas – Khaled Hosseini (15/12/06)

(204) UMA HISTÓRIA DO DIABO – Robert Muchembled (17/12/06)

A escrita de Robert Muchembled requer atenção do leitor, mas como é envolvente! Nesse livro temos a trajetória do Diabo, de como surgiu por volta do século XII e foi se transformando ao longo das eras, até atingir o clímax no extraordinário fenômeno da caças às bruxas nos séculos XVI e XVII, e se desenrolar nos séculos seguintes até chegar à nós. Muchembled passa então a analisar não apenas os produtos da literatura, como também o cinema e os quadrinhos.

Essa primeira leitura foi se arrastando durante todo o segundo semestre de 2006 (eu comprei o livro no dia da minha inscrição na faculdade, como um prêmio) e as outras coisas que aconteciam na minha vida me impediram de absorver suas informações satisfatoriamente. Por isso eu o reli no início de 2007, aí sim reconhecendo seu valor e me deliciando com a prosa sofisticada do autor.

(205) Legião – Robson Pinheiro (28/12/06)