Quando estudava no infantil e pré, rabiscava com freqüência nos meus cadernos figuras de dragões vermelhos soltando fogo pelas narinas e provocando pânico numa população de homenzinhos rabiscados de qualquer maneira entre as tarefas que a professora passava. Na minha inocência, acreditava piamente que tais seres realmente haviam existido numa época indeterminada, onde haviam cavaleiros e castelos. Hoje, desconfio seriamente que foi através desse primeiro fascínio que nasceu minha paixão pelos dinossauros. Acho que, após saber que os dragões não passavam de lenda, transferi meu interesse por seres mais palpaveis, ainda que estejam bem mortos desde a era Mesozóica. Deixei de desenhar dragões.
Muitos anos depois, no único período que cursei na psicologia, redescobri a magia das histórias surreais dos contos de fadas, e então, mais tarde ainda, o dragão de repente surgiu de novo, nas páginas empolgantes de um livro.
Lembro-me perfeitamente da tarde modorrenta em que eu assistia Mulheres Apaixonadas em Vale a Pena Ver de Novo (sic), entediado e com vontade de ler alguma coisa mais específica e profunda, aquele tipo de livro denso e talvez até difícil em que as vezes sentimos necessidade de mergulhar. Fui até a biblioteca municipal da minha cidade e vasculhei as prateleiras, até que na mais baixa delas, bem escondido, estavam dois exemplares de As Raízes Históricas do Conto Maravilhoso, de Vládimir Propp.
É realmente difícil falarmos daquilo que gostamos muito, sempre parece faltar um pouco, sempre parece que não passaremos a idéia exata daquilo que sentimos. Raízes Históricas foi com certeza um dos melhores livros que já li na vida, e o segundo que peguei pra reler com mais rapidez.
Não há muito o que dizer sobre a estrutura do livro, o nome já diz tudo. Resumidamente, Propp nos mostra como os antigos ritos das sociedades primitivas, principalmente da pré-história, trouxeram elementos do inconsciente que acabaram por moldar nossas histórias de contos de fadas. Pra dar um gostinho, vejam os principais capítulos:
Cap. 1 – Premissas
Cap. 2 – O início do Conto
Cap. 3 – A Floresta Encantada
Cap. 4 – A Casa Grande
Cap. 5 – As Dádivas Mágicas
Cap. 6 – A travessia
Cap. 7 – À beira do Rio de Fogo
I – O dragão no conto
II – O dragão engolidor
III – O herói no tonel
IV – O Dragão raptor
V – O dragão e o reino dos mortos
Cap. 8 – Além das Terras dos Confins
Cap. 9 – A Noiva
Cap. 10 – O conto Como Um Todo
Naturalmente, gostei muitíssimo da parte em que ele fala sobre o dragão, já que essa criatura mexe com a minha cabeça desde que me entendo por gente.
Por razões de comodidade, dividi os capítulos dessa postagem de acordo com os subcapítulos de Propp e cheguei a criar uma categoria só para eles, tal a profusão do tema e o tamanho total do texto.
Tudo explicado,ouçamos o que Propp tem a nos dizer:
4 Comentários
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Eu tenho muita raiva de você, Ricardo, pelo simples fato que sempre me pego passando por aqui pra ver se tem alguma novidade e quando tem eu sempre acabo lendo tudo até o final como louca!!!! Ô tormento sô
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O que dizer? Muito obrigado ao visitante e à Fabíola!
Gostei, você realmente gosta muito de ler.Vou procurar saber mais sobre o livro ,pois não o conheço